O que significa ser conservador

A defesa da cultura e da identidade dentro do conservadorismo
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Por Fábio Lírio
01/04/2025, às 15h57

O conservadorismo, de fato, está enraizado na defesa da ordem, da prudência, do ceticismo político, do tradicionalismo e do organicismo. Esses pilares são a base do pensamento conservador, e ser conservador é estar alinhado com os elementos essenciais do conservadorismo. Se um político ou um partido começa a agir no sentido de atacar os elementos essenciais do conservadorismo, essa atitude será anti-conservadora. Da mesma forma que se uma teoria, ideia ou defesa pública de um determinado pensamento ataca esses elementos essenciais do conservadorismo, esse pensamento deve ser considerado anti-conservador.
A ordem faz com que o conservador tenha um parâmetro que não é meramente terreno, existe a ordem transcendental, a ordem social que estará muito mais sólida se for fundamentada na ordem transcendental e a ordem política que é uma expressão da ordem social. A prudência entendida como sabedoria prática é entender que os meios utilizados devem ser tão retos e íntegros quanto os fins pretendidos. Em outras palavras, os meios não podem ser corruptos mesmo que os fins sejam virtuosos porque senão sob uma perspectiva conservadora trata-se de uma atitude imprudente. O ceticismo político no conservadorismo não é uma mera desconfiança em relação à uma ideologia, em relação a um determinado político, em relação a um determinado projeto de poder. O ceticismo político na perspectiva conservadora é o reconhecimento da limitação circunstancial de conhecimento do indivíduo, que impede que esse indivíduo possa construir projetos políticos descolados da realidade, utópicos, projetos políticos que tentem por exemplo redimir ou modelar a natureza humana para que todo mundo naquela sociedade possa ser enquadrado naquela ideologia ou naquele projeto político.
O conservadorismo também está intrinsecamente ligado ao tradicionalismo, afirmando que a tradição virtuosa deve ser preservada e aprimorada no presente se for o caso, e que determinadas tradições do passado que sobreviveram aos testes do tempo não forem virtuosas não faz sentido preservá-los no presente, a não ser que seja possível corrigí-los. A tradição é vista como uma herança que transmite os valores essenciais para a coesão social, como a família, a propriedade e a liberdade. Estes são considerados os alicerces sobre os quais uma sociedade saudável pode ser construída e mantida, sendo fundamentais para a segurança e prosperidade duradoura de qualquer nação.
O organicismo é a ideia segundo a qual a sociedade é um organismo vivo que vai se desenvolvendo por essa interação entre os indivíduos, e portanto não cabe o individualismo radical. As reformas que os conservadores defendem devem ser graduais e cuidadosas, visando aprimorar o que já existe e melhorar as condições atuais, sem, no entanto, desmembrar as estruturas que já funcionam, como as instituições legítimas e os valores que são essenciais para a ordem social.
O conservadorismo preconiza a valorização da identidade nacional e da cultura, compreendendo que a identidade de uma pessoa ou de uma nação começa no seio da família. A família é o núcleo fundamental para a construção da identidade individual e coletiva, e, de forma gradual, essa identidade se expande para a cidade e, finalmente, para a nação. Para o conservador, a preservação dessa identidade e cultura é essencial para garantir que a sociedade mantenha seus princípios e valores, que são a base de uma nação forte e coesa.
Portanto o verdadeiro conservador defende, acima de tudo, a preservação do que é bom, eficaz e fundamental para a continuidade da sociedade, respeitando o legado das gerações passadas e buscando a evolução constante dentro da ordem e da prudência.